Selecionadores

O Festival Brasileiro de Teatro Toni Cunha tem uma comissão de seleção de espetáculos indicada pela Setorial de Teatro e Circo do Conselho Municipal de Políticas Culturais do município. 

São três nomes de grande relevância no cenário cultural e teatral brasileiro, que se juntam à equipe da Fundação Cultural de Itajaí e também às coordenadoras Andrea de Almeida Rosa e Denise da Luz para construir um festival que Itajaí possa se orgulhar!





Felipe de Assis é bahiano e colabora com curadorias independentes, entre elas, Programa Itaú Cultural (2017/2018), Edital Oi Futuro (2017 e 2018), MITbr curadoria vinculada à Mostra Internacional de São Paulo (2018) e Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz. Co-criador do Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (FIAC Bahia), no qual atua como coordenador geral e curador desde 2008. Este festival inclusive é membro do Núcleo dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil desde 2009 e Rede de Festivais de Teatro do Brasil desde o seu início, em 2015. Através da 7Oito Projetos & Produções assina a realização do FIAC Bahia desde 2013 e coordenou o programa de formação em artes cênicas em Salvador e região metropolitana, intitulado Mediação Cultural (2014).






Jorge Vermelho é paulista, da cidade de São José do Rio Preto. Fundador, ator e diretor da Companhia Azul Celeste,  Foi diretor geral do Festival Internacional de Teatro de SJRio Preto – (de 2001 a 2009), evento onde assume como coordenador executivo em 2017. Curador e diretor do Janeiro Brasileiro da Comédia (SJ Rio Preto, SP) de 2003 a 2009 e retornando em 2017. Foi diretor artístico do BTCA – Balé Teatro Castro Alves (Salvador / BA) e, atualmente, é assessor especial da Secretaria Municipal de Cultura de SJ do Rio Preto. Já atuou e dirigiu mais de 30 espetáculos, conquistando uma imensa lista de premiações por festivais em todo o Brasil.






Luciana Eastwood Romagnolli é paranaense, da cidade de Curitiba, mas atualmente reside em Belo Horizonte. Doutoranda em Teatro pela ECA - USP, é jornalista e crítica de teatro com grande carreira na área junto aos jornais Gazeta do Povo (PR), O Tempo (MG) e Folha de São Paulo (SP), além de atuar nos sites Horizonte da Cena e Janela de Dramaturgia. Já foi curadora de grandes festivais internacionais no Brasil, tais como MitSP, Fit-BH - Palco e Rua, BQemCena e Mostra Documenta. Em 2015 foi uma das críticas convidadas para atuar no Festival Toni Cunha, função esta que executou em várias mostras e festivais pelo país. Nesta edição ela retorna para Itajaí ocupando essas duas funções, como selecionadora e como crítica da Mostra Local.




"O teatro é um espaço de invenção e experimentação de outras sociabilidades, outros afetos e outros modos de vida. Lugar de estranhar as coisas dadas como certas, revirar a cultura para olhar além das normas estreitas que limitam nossas ações e, assim, alargar a experiência humana. Pensando nisso, e neste momento de constantes esforços de aniquilamento das diferenças, das sensibilidades e do pensamento crítico no país, propomos nesta edição do Festival Toni Cunha um encontro com obras que nos convidam a ousar imaginar outras possibilidades de ser e de conviver.

Para dar o tom a esse conjunto, dois trabalhos rompem com muitas ideias e imagens pré-estabelecidas na nossa cultura. Em "Vaga Carne", acompanhamos uma voz errante que toma contato pela primeira vez com o corpo humano, que ela invade, e conta suas sensações e pensamentos à medida que ela conhece e se apropria desse corpo. O corpo de uma mulher negra: a atriz e dramaturga mineira Grace Passô.

Em "Bola de Fogo", o performer baiano Fábio Osório prepara acarajés. Enquanto cozinha, ele partilha com os espectadores seu processo de se tornar uma baiana de acarajé. Sob o aroma do dendê, o performer vende o seu acarajé e sua criação artística. Humor, política, espiritualidade, memória, afeto e ancestralidade se cruzam no tabuleiro. Quantas normas sociais são questionadas por um artista homem quando se torna uma baiana de acarajé? Como essas formas de saber do corpo, a do artista e a da cozinheira, podem se aproximar?

Nessa toada de uma arte que nos conduz a indagar a naturalidade de alguns padrões que seguimos, "A Invenção do Nordeste" destrincha os modos de construção artificiais de uma noção de identidade nordestina, fixada em estereótipos, e abre a trilha para reflexão sobre quais outras identidades restritivas assumimos. "As Inigualáveis Descendo do Salto" e "H{3O}mens", em contraponto, apresentam representações do feminino e do masculino que ampliam nosso imaginário do que podem corpos de homens e mulheres. Do que podemos. Questões que ressoam em peças como "Cartografia do Assédio", "Bolsa Amarela" e "Ogroleto".

"Chão de Pequenos", "Fome.doc" e "Tekoha" iniciam discussões sobre questões sociais agudas do país, o primeiro pela chave poética dos corpos coreografados, os outros dois, pelo gesto analítico e documental. Com "Jogo da Guerra" e "Fauna", enfim, experimentamos as potências e limites da formação de comunidades temporárias para enfrentamento crítico dos problemas coletivos.

Obras como "Ilusões", "O Circo Fubanguinho", "Índice 22", "Meu pai é um homem pássaro", "Por onde andei", "Caê" e "Therése visita a janela azul”, presentes nesta edição, ratificam a potência da pluralidade de proposições estéticas que ocupam espaços públicos para a produção de diálogos com o teatro imanente nas salas e nas ruas da cidade.

Um festival de teatro é uma fissura no tempo e no espaço para nos determos sobre a dimensão estética da vida e suas relações com a educação, a economia, a política. Um território de riscos possíveis para nos lembrar da importância da arte para a sensibilização e a compreensão de mundo. E, mais ainda, para a fabulação de mundos."

Luciana Romagnolli, Felipe de Assis e Jorge Vermelho 

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